Elas sempre estiveram com tudo no mundo da cerveja, mas cada vez aumenta mais o número de mulheres no comando de cervejarias Brasil afora, assim como também a participação feminina no júri de concursos do setor, inspirando rótulos e mais apreciadoras. No Mondial de la Bière, versão carioca do festival canadense de cerveja artesanal que acontece no Píer Mauá até 15 de outubro, elas são um sucesso. Começando pela presidente e co-fundadora do evento, a canadense Jeannine Marois, até a coordenadora de Marketing Laura Harvey, mais da metade do time brasileiro na multinacional responsável pelo evento é liderado por mulheres. A lista continua com as juradas do MBeer Contest Brazil, como a química e mestre cervejeira Deborah Lehnen, a sommelière, mestre em estilos e especialista em harmonização e coquetelaria Jéssica Gomes, a cervejeira Mônica Mendonça e a sommelière Thamiris Lavrador.
No caso das cervejarias expositoras, a carioca Ouse Beer é formada por somente por mulheres e expõem rótulos como Red Ale Rita (Lee), Lager com Café Marta (Silva) e Cream Ale com Gengibre Lélia (Gonzales), além da inédita West Coast IPA Cássia (Eller). A Barão Bier, de Nova Friburgo, estreia no evento com três estilos: Pilsen, Vaud/White IPA e Argóvia/ American Red Ale.
Cinthya Sternberg, porta-voz da Sundog Brewing — Foto: Divulgação Sallem, Black Magic e Hella — Foto: Divulgação
Duas cervejas feitas por elas vêm chamando a atenção: a Hella, receita camponesa que remete à época da crise do trigo alemão, onde as mulheres produziam por conta própria uma cerveja estilo Bock utilizando apenas malte de cevada. Hoje, apenas oito cervejarias no mundo fazem assim. Outra que concorre ao título de favorita do público é a Black Magic, servida com uma pétala de rosa sobre a espuma.
Outras duas tratam de mulheres mortas no passado. A carioca Sundog Brewing é especialista em cervejas históricas e lançou no Mondial a “Salem”, uma New England IPA que homenageia as mulheres enforcadas como bruxas na Nova Inglaterra, no século XVII. A outra é a Dark Strong Ale, sobre as curandeiras, benzedeiras e parteiras queimadas vivas por usarem seu conhecimento da terra e da natureza para ajudar a curar e proteger as pessoas. Escura e forte, com corpo intenso e alto amargor, leva três elementos considerados “mágicos” durante os processos da Inquisição: o café (adivinhações), a canela (poções de amor) e o sal grosso (proteção contra maus espíritos).
Matisse: Maria Antônia, sócia e cervejeira da marca — Foto: Divulgação
De Niterói, a Matisse batiza suas cervejas em homenagem a nomes de referência do universo das artes, entre elas a Espectros, uma Belgian blonde ale com Grumixama, nomeada para exaltar a obra de Cecília Meirelles, cujo primeiro livro de poesia se chama “Espectros”. Um brinde a elas todas do Monde!